terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

JOÃO LEONARDO: O OUTRO LADO DO VÍCIO

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João Leonardo reúne centenas de maços de tabaco, milhares de beatas e cinza, entre outros elementos, na sua mais recente exposição individual - "One Hundred and Six Columns, Four Heads and One Table". © João Leonardo (foto de: Alexandre Romero).Estatística em primeiro lugar, seguida de um pouco de história. Cerca de 19% da população mundial é hoje fumadora. Estes números fazem simples um olhar pela história do tabagismo, que teve o seu longínquo início entre o quinto e o terceiro milénios antes de Cristo, para constatar como este resistiu aos séculos e evoluiu para ser um dos maiores vícios da humanidade. Começando num contexto religioso, o consumo do tabaco rapidamente se transformou naquilo que hoje conhecemos, o "ouro castanho". Por acidente, ou simplesmente como forma de explorar o produto, surgiu o queimar e inalar da planta; e é curioso, então, pensar que essa exploração se ficou essencialmente por aí. Mas não para João Leonardo, nascido em Odemira em 1974, Licenciado em História da Arte pela Universidade Nova de Lisboa em 1996 e Mestre em Belas Artes pela Malmö Art Academy da Universidade de Lund, na Suécia, em 2009.Fumador, os seus hábitos tabagistas são ligeiramente diferentes daqueles do fumador comum... Ao acabar de um cigarro, apaga-o cuidadosamente para depois o guardar, ou o que dele restar. O mesmo se passa com o maço ao sacar o último cigarro, e também com a cinza produzida. E não são só os restos do seu vício que guarda religiosamente, mas todos aqueles que encontra. Este é um conjunto de gestos ritualizados que faz parte do seu processo criativo, e através do qual consegue a matéria-prima para o seu trabalho, ao mesmo tempo que contribui para eliminar estes resíduos tão presentes nas ruas, resultando a sua reciclagem em obras de arte. Há, assim, duas facetas instantâneas naquilo que faz: a performance contínua, o processo; e a instalação, o produto.O seu primeiro contacto profissional com o tabaco produziu "Calendar #1", uma instalação apresentada em 2006, composta de 3600 maços de tabaco emoldurados, coleccionados desde que começara a fumar aos 16 anos. Em 2007, um ano depois desse contacto que viria a redefinir e direccionar a sua arte, e dois anos passados sobre a conquista do Prémio EDP - Novos Artistas, que lhe deu visibilidade e reconhecimento, muda-se para Suécia, onde trabalha actualmente, e vence também o prémio alemão Danfoss Art Award.Tempo, corpo, dependência... É esta a linha condutora que nos traz "One Hundred and Six Columns, Four Heads and One Table", a sua nova exposição individual. Esta resulta do trabalho desenvolvido entre Abril de 2010 e Maio de 2011, durante a residência artística na Internationales Künstlerhaus Villa Concordia, em Bamberg, na Alemanha, apoiada pelo Estado da Baviera, e que representa para o artista um momento marcante na sua jovem carreira, o momento em que crê ter desenvolvido uma linguagem visual própria.A exposição, que chegou a Lisboa no ano passado, é maioritariamente composta a partir dessa baixa categoria de lixo, as beatas. Durante cerca de um ano, pacientemente, o artista recolheu das ruas de Bamberg o que para outros não passa disso mesmo, lixo, e depois de um processo de cuidadoso inventário, de uma separação por categorias e de destilação do tabaco, obteve os elementos com os quais criou múltiplos objectos.© João Leonardo (foto de: Alexandre Romero).© João Leonardo (foto de: Alexandre Romero).© João Leonardo (foto de: Alexandre Romero).Na História da Arte Contemporânea não faltam artistas que recorreram ou recorrem a materiais perecíveis, degradáveis e orgânicos. De entre eles, a referência para João Leonardo é o alemão Diether Roth (1930-1998). "Em 2008 tive a oportunidade de ver o atelier dele, e fiquei fascinado com a forma como envolvia a vida no seu trabalho, com o grau de auto-representação. Ele destruía de forma sistemática as fronteiras entre a arte e a vida, e o desvanecimento dos materiais foi uma parte essencial do seu trabalho. Trabalhou com chocolate, açúcar, comida, que espalhava nas telas e nos objectos. Mas nunca ficou preso a um estilo, reinventou-se sempre", diz.Como Roth, para o artista português o atelier é lugar de experimentação, e foi a partir daí que descobriu e firmou as bases para as suas obras. As beatas são uma escolha que tem tanto de óbvio como de bizarro, e foi a partir delas que o tabaco como material e tudo o que o rodeia se tornou o centro daquilo que faz. "Eu fumo. Fazem parte do meu quotidiano, ando sempre a apagá-las nos cinzeiros. Dentro do estúdio tenho a tendência para observar o mundo à minha volta, ver quais são os objectos que me rodeiam, o que posso fazer com eles. Comecei a imaginar o que podia fazer com as beatas. São o maior desperdício dos fumadores e, ao contrário do que se pensa, pouco biodegradáveis. E comecei a pegar nelas, a sujeitá-las a vários processos de manipulação até chegar a diferentes resultados.", explica.© João Leonardo (foto de: Alexandre Romero).© João Leonardo (foto de: Alexandre Romero).Em "One Hundred and Six Columns, Four Heads and One Table", uma das mostras mais fortes é exactamente a desse meio criativo que é o atelier. É feita através da instalação da mesa usada pelo artista, qual laboratório, cheia de pincéis, nicotina líquida, papéis de cigarro, beatas, cinza, etc., e que permite ao espectador contactar directamente com o processo de produção pela exposição da matéria-prima nas diversas formas usadas. "Todo o tabaco foi apanhado do chão...", à excepção do seu próprio, e é aí mesmo, no chão, que a mesa é colocada, "Podia ter comprado numa loja e destruir uns volumes, mas quis mostrar a recolha, a colecção. A ideia é levar ao limite este processo de selecção e separação. E pegar num material desprezível, tratá-lo com muito cuidado, como se fosse extremamente precioso".O resultado do complexo processo criativo que João Leonardo faz questão de expor é uma mostra também ela complexa e contraditória, um misto de questionamento social do acto de fumar e da relação, e dos seus resíduos, entre o indivíduo, fumador, e o próprio tabaco. É uma relação que pode dizer-se íntima, suja, efémera, dependente, sempre estereotipada, mas, ao contrário do que seria de esperar, o entrar na exposição não afasta os estereótipos: confronta-nos com eles e obriga a pensá-los. O cheiro é o primeiro a ser reconhecido e a causar repulsa, mas logo de seguida a estética das obras rapidamente nos torna a prender, até porque não é delas que emana o aroma, mas sim da mesa do artista, colocada no fim da exposição. Há uma intenção clara de opor o prazer e a auto-destruição, a opressão e o caos, à razão e à lógica, à ordem. Algo com uma carga simbólica muito particular, negativa - um resíduo - é levado a um refinamento estético. O espectador é obrigado a parar, observar e interpretar.© João Leonardo (foto de: Alexandre Romero).Das beatas nasce uma multiplicidade de peças. As mais chamativas serão os bustos, criados a partir de um molde da cabeça do artista, e depois os quadros. Alguns monocromáticos ou abstractos, um auto-retrato, perfis humanos, uma caveira, apoiados nas diferentes cores que uma beata apresenta, e sempre numa dualidade entre a vida e a morte, entremeada naturalmente pelo vício. Um outro quadro, uma enorme tela, viu escrita à mão inúmeras vezes a frase "breathe in, breathe out", sendo o acabamento feito com nicotina líquida. Sobre ela diz o artista: "Vejo-a como representação muito abstracta da vida. Nascemos a inspirar o ar e quando morremos, expiramo-lo. A nicotina é algo que introduzimos nesse movimento, uma droga, uma interferência.".© João Leonardo (foto de: Alexandre Romero).Com o papel que envolve os cigarros cria outras duas peças, onde centenas figuram meticulosamente alinhados, e numa outra, da série Calendar, um calendário em duas partes tem os dias substituídos e/ou representados por mais de 700 maços de cigarros. Por último, duas peças colocadas lado a lado, ambas com a mesma altura e largura que o corpo do artista, encerra em acrílico um volume surpreendente de cinza, uma, e de tabaco desfeito, a outra. São paisagens onde tudo o resto, esta realidade outra de João Leonardo, se poderia desenrolar.© João Leonardo (foto de: Alexandre Romero).Um ciclo inteiro parece completar-se no trabalho do artista plástico, onde há a sugestão de algo metafórico, mas também de autobiográfico. Há três formas de olhar para esta exposição e para o seu trabalho em geral. Uma delas é optar pela questão formal, onde as obras são claramente herdeiras do modernismo e das vanguardas, buscando a liberdade, o sentido da vida e um lugar na sociedade, ainda que pela renúncia dos anteriores. Outra prende-se com o processo de criação, com o próprio artista. E uma última obtém-se das ideias surgidas em quem observa. No artista e no observador marca-se a fugacidade da vida, do prazer e do vício (e, por estes, a identificação), da certeza da morte e do domínio inquestionável do tempo, daquilo que caracteriza o indivíduo, dos hábitos que o tornam naquilo que é, de tudo quanto o compõe. Tudo isto na consciência, sem abdicações.A ligação estabelecida entre o tempo, o corpo e o próprio resíduo de tabaco apresenta o vício de uma outra perspectiva. Depois, vemos quadros e esculturas e só por fim se vê tabaco, muito tabaco e, naturalmente, muito dinheiro investido.© João Leonardo (foto de: Alexandre Romero).A transformação - pois é esse o objectivo de João Leonardo - de algo desprezível, desprezado e sujo, em algo intemporal, passível de ser admirado, interpretado e apreciado, traz-nos a elevação do vício ao propósito último do mesmo: a manutenção da sensação. Através do seu trabalho é isto que consegue. O lixo deixa de ser lixo, inerte na capacidade de induzir o que quer que seja, para se tornar de novo, sempre, e de forma contínua, uma fonte de prazer.João afirma não ter ainda esgotado as possibilidades deste material, e diz ter mais para expor, mais para contar. Para acompanhar o artista, ou saber um pouco mais, visite o seu site pessoal.Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2012/02/joao_leonardo_o_outro_lado_do_vicio.html#ixzz1nhroJu6K

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Insaisissable Debussy

cLASSIQUE . Il y a 150 ans naissait le compositeur de «la Mer» et de «Pelléas et Mélisande». Un musicien révolutionnaire dont l’influence est toujours actuelle. Par ÉRIC DAHAN Le LIBERATION FR Chaque année, institutions étatiques ou privées, producteurs et éditeurs de tous ordres se concertent pour mettre à l’honneur des personnalités disparues. Après Chopin en 2010, Liszt en 2011 et en attendant Verdi et Wagner en 2013, le monde musical célèbre le 150e anniversaire de la naissance de «Claude de France» à Saint Germain-en-Laye, dans les Yvelines (lire ci-contre). Harmonie. Nul doute que le retentissement de cette année Debussy sera, hélas, inversement proportionnel à l’importance...

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Nenhum Brasil existe e Minas não há mais | Revista Bula

Nenhum Brasil existe e Minas não há mais | Revista Bula

Tessituras Tessituras

Publicado em 19/02/2012 às 08:00h por Elizabeth Marinheiro -Campina Grande PB. Enviado pelo Colaborador Dr.Ranulfo Cardoso C.G.PB

Após o aparecimento das obras de Italo Calvino e Beatriz Sarlo, não há como ler o Carnaval que nem ligação entre o literário e a urbs. Mesmo cego, Borges – em seu magnífico Atlas – revisitou inúmeros lugares através da memória.


Claro, a cidade guardará nos seus fluxos mnemônicos aquilo tudo que foi destruído pelo “progresso”... A destruição traz o simulacro elaborado pelas redes sociais ou sobrevive em cartões-postais. Daí, a semelhança catástrofe versus crescimento citadino. Não se pode escapar!


Entretanto, as substituições do velho pelo novo foram admiravelmente negadas por Kublai Khan, Borges e Marco Polo. Viajores, tenham lido, talvez, Octávio Paz: “Estamos em la ciudad, no podemos salir de ella sin caer en otra, idéntica aunque sea distinta”.


Olho o carnaval carioca e na minha imaginação predominam os ícones campinenses demolidos ou convalescentes. Meu sentir-viajante desloca-se para minha terra natal. É outro o texto-cidade!


Lá está o Campinense Clube dos tempos César Ribeiro e Ruy Silva. Nem é preciso aludir às grandiosas festas organizadas pela dama Heloisa Azevedo. Nem é preciso aludir aos bailes ao som de famosas orquestras.


O carnaval do Campinense é minha utopia. O convívio harmonioso dos seus sócios sinalizava o logos de uma Campina áurea. Ali, um palimpsesto humano emergia das mesas compostas por Maria Julia/Acácio Figueiredo; Alice Téjo, seus filhos, suas filhas; Elzinha/Bento Figueiredo; Nídia/Dagmar Fernandes; os noivos Tereza/Petrônio Figueiredo; Arméle/Inácio Mayer; Dona Cebinha/Dr. Bonald; Sindô Ribeiro e família; Pininha/Ribeirinho; Quininha/César Ribeiro e muitos outros casais de disciplinada folia.


Não poderia esquecer a juventude da época: Hermírio Leite, Figueiredo Agra, Zé Carlos, Leonardo Motta, Valete Donato, Sousa Assis, Aldecir Carvalho, Mairon, Ronaldo Cunha Lima, Chico Maria, Alcebíades, Vilmar Bastos, Hélio Soares, Marzinho, Helio e Drault Farias.


E as fantasias? pontificavam. Nídia Moura – uma legenda – é a síntese das mais brilhantes criações. Marchinhas e sambas que sobrevivem na saudade:
“Oh, jardineira por que estás tão triste/o que foi que te aconteceu/Foi a camélia que caiu do galho/Deu dois suspiros/e depois morreu.....”
“Meu primeiro amor/foi como uma flor/que desabrochou/e depois morreu.......”


Os blocos desdobravam-se no emaranhado de cores e fitas. Um dia, inventamos um “original” figurino: Silêde/Gladys Satyro, Rosa Rios, Sarah Figueiredo, eu e outras, vestidas de diabo com chifres e espeto. Não deu outra... o rigoroso César levantou as máscaras e mandou a gente trocar a roupa: “tanto riso, tanta alegria” e os diabos correndo do salão. Céus!


Outros blocos mediatizavam a luz múltipla do Carnaval: as Enfermeiras – com Julia Rosa, Terezinha, Molina, Rosália, Sarah, Socorro Vasconcelos e eu – despertavam atenções das “esmeraldas”...


Já as viuvinhas do Jeames Dean foram uma simbiose moderna: composto pelos nomes já citados, passaram a intregá-la: as irmãs Cunha Lima, Terezinha e Yone Figueiredo. “Menina vai/com jeito vai/.....” E a gente caía na frevança sem “tomar banho na Barra da Tijuca, nem piquenique no Juá”. A casa nunca caiu, pois restavam o Açude Velho e o Açude de Bodocongó – palco das labirínticas matinais do Clube Aquático.


O espaço da praça Antonio Pessoa (onde residia a Senhora Alice Téjo) era o cenário do tapete vermelho: Rosalice Téjo Di Pace, em carruagem tipo realeza, rumo ao concurso de fantasias. Já Nádia Moura Fernandes, ora ninfa, ora deusa, cumpria idêntico roteiro. O Campinense Clube e seus mágicos concursos infantis!


Minha mente rumina. Choro, as mãos demolidoras. O olhar disfórico é produto in praesentia. Entre realidade e mito não me encontro. O cheiro do carpem diem foi trocado pelo fazer escatológico. Fica a sensação da perda desgostosa: “até as viuvinhas do artista Jeames Dean” já não aparecem incorporadas... E o corso, com Seu Supino, vai se evadindo pelo “crime-delírio”.


Ao acompanhar o carnaval do Rio de Janeiro, tento parafrasear Eduardo Lourenço quando se refere ao José Miguéis: não sou estrangeira, porém os horizontes mesquinhos e mediocres me sufocam.


Desloco-me para a Fundição Progresso onde se realizou um concurso de marchinhas em homenagem ao Mário Lago. Comungo com Darcy Maravilha e Sérgio Foleado:


“Quando a idade chega
Tudo dói, dói, dói, dói
Dói, dói, dói
Dói a cabeça, dói o braço, a corcunda
Dói o peito, dói a bunda
Mesmo assim quero viver
Eu estou velho
Mas cheio de energia
Vou cair nessa folia
Até o dia amanhecer.

Carnaval! Um bloco de macacão, com propaganda da firma Raimundo Alves, foi fazer uma visitinha à mãe do patrono. Disseram: “ela não está”. Mas, Terezinha (irmã de João) foi tomar um gole d’água lá por dentro. Quando abriu a geladeira teve um susto: Dona Sinhá Alves estava atrás da porta. Terezinha correu...

Seu Supino convoca e o bloco saiu cantando: “Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil.....”

Onde estarão as maravilhas do carnaval campinense? Ao meu leitor, abreijos em serpentinas.

Tristão...e a vida em morte .. Eros Tauro SP

“Terei me tornado outro? A mim mesmo estranho ? De mim mesmo evadido?...”Nietzsche,2005)




Agora eu sou um negócio!!!!!!!!!
Destroçou-se a minha consciência,meu cérebro, entrei em pedido de vida e deram-me a morte, que ja se avizinhava em vida, na hospitalidade do perverso médico.
Retirou-se de mim a pança da vida, meu alfabeto de dizer, meu ouvido de plainar meus olhos de esculpir e me deixaram esponja a revelar sobejos.
Sou couro cortado de técnicas, curtido de água morta e espoliada.
Agora não sou mãos, sou eles e fico como um prego no escuro, dilaceram- me para escanear a possibilidade de ganho.
Sou um NÃO e estando, mesmo não sendo, deixam-me fisgar por olhos , que não mais tenho. Sou simulacro de existir.
Sou um desprezo, como uma pomba tombada agônica, mas permanecem as outras a me beliscar na cabeça, tronco e restos em rituais técnicos não de vida/morte das palomitas.
Vou, tendo ido, mas exclamam, os abutres brancos, anjos em culto satânicos , sobre meus espasmos que não muscula, senão por ejetos que me solapam.
Sou um boneco inflado por lâminas incendiadas , assim não me reflito mais em espelhos, eles são espelhos e me dizem meu nome de um eros criado para uma nova politização de vida em tanatos.
Agora, sou um negócio, no branco da política da morte na faca do capital, um prometeu sem correntes, sem direito a órgãos, sou um azedo branco, para um clinicar de uma vida dizimada mas com a terapêutica perversa de sandices de sapo dissecado e de cuidados do além lucro.
Sou a morte politizada na safona esqualidada do fole do lucro, que toca marchinhas de escarnio e promiscuidade ética.
Sou a vida deles,pelo meu avesso, sem a dignidade de estar não mais aqui, senhores juízes médicos da vida e ora da morte deixem-me ir a vida também é morte.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

33º FESTIVAL INTERNACIONAL DO NOVO CINEMA

LATINO-AMERICANO
Festa da imagem e do pensamento

MIREYA CASTAÑEDA
FOTOS: YANDER ZAMORA

O 33º Festival Internacional do Novo Cinema Latino-americano decidiu abrir suas telas com o filme argentino Un cuento chino (Um conto chinês), do diretor Sebastián Borensztein, que vem com o aval do prêmio Marco Aurelio ao Melhor Filme, do Festival de Roma e o Fassbinder, na Alemanha.


Alfredo Guevara.

A festa inaugural teve lugar, como é tradição, no teatro Karl Marx de Havana e a abertura esteve a cargo do fundador e presidente do Festival, Alfredo Guevara.

Guevara definiu a reunião do cinema regional de "festa da imagem e do pensamento" e instou a convertê-la "em um lugar melhor para a juventude criadora, portadora do futuro".

No afã de apresentar a interação da arte, foi convidado a uma breve atuação, o destacadíssimo jovem pianista Harold López Nussa, e seu quarteto de jazz, esta vez acompanhado pelo projeto El solar de los seis, que acrescentaram a rumba.

Um dos protagonistas do filme Un cuento chino, Ignacio Huang apresentou a película que, sorrindo, lembrou aos espectadores que é "argentino e latino-americano, transmitindo uma calorosa saudação do diretor Borensztein e de Ricardo Darín, muito admirado na Ilha por El hijo de la novia (O filho da noiva), Luna de Avellaneda (Lua de Avellaneda), Nueve reinas (Nove rainhas) e El secreto de seus ojos (O segredo dos seus olhos), prêmio Óscar ao Melhor Filme Estrangeiro).

A COMPETIÇÃO PELOS CORAL DE FICÇÃO


Darín e Ignacio Hang em Un cuento chino

Sebastián Borensztein em Um cuento chino, volta à comédia depois de sua obra-prima, La suerte está echada (A sorte está lançada), e para sustentar a história conta com Ricardo Darín, figura indiscutível do cinema argentino, em outra genial interpretação com a qual mereceu, neste mesmo ano, o Prêmio Konex de Prata ao Melhor Ator de Cinema e o Konex de Brilhante à Maior Figura do Espetáculo da década 2001-2010.

O filme parte de um absurdo, uma vaca que cai do céu, e baseia-se principalmente, no mal-entendido e na falta de comunicação que aparece entre os personagens, um é solícito, simpático, comedido e o outro é irritadiço, queixoso e obsessivo. É uma película de humor apesar de que se articula a partir da tragédia, e esse humor recai na atuação de Darín.

Un cuento chino representará Argentina nos Prêmios Goya.

Outro filme já competindo é o brasileiro O abismo prateado, de Karim Aïnouz, reconhecido com lauréis no Festival de Cinema de Havana por Madame Satã (2002), O céu de Suely (2006) e Viajo porque preciso, volto porque te amo (2009).

Exibiu-se também El año del tigre (O ano do tigre), do chileno Sebastián Lelio, recordado por sua obra-prima La sagrada família (A sagrada família - 2006). Nesta ocasião, narra um fato real, o terremoto de 27 de fevereiro de 2010, mas não é uma história de gênero, nem sobre a catástrofe, é um filme interno, de personagem, que estremece pela profundidade do drama do homem.

Através de uma impecável atuação de Luis Dubó, e uma sólida história, o diretor lembra ao espectador que ainda "o homem é o lobo do homem".

El año del tigre chega também com seu pedigree, prêmio do júri no Festival de Locarno.

Apenas duas mulheres estão na Seção Oficial de longas-metragens, a venezuelana Marité Ugás, com El chico que miente (O garoto que mente) e a equatoriana Tania Hermida com En el nombre de la hija (No nome da filha), a primeira que foi exibida no circuito do Festival.

Hermida, graduada em Direção na Escola Internacional de Cinema e Video de San Antonio de los Baños, iniciou-se como realizadora com Qué tan lejos (Quão longe - 2008) e regressa agora com En el nombre de la hija, onde liga "drama e comédia costumbrista", para contar a história de uma menina e seu irmão que lutam para romper os dogmas de sua família.

Do filme, é preciso destacar a impressionante atuação das crianças, que propiciou o recebimento do prêmio Marco Aurelio, da seção Alicia en la ciudad, por um jurado por crianças menores de 13 anos de idade, no Festival de Roma.

Uma sorte é que neste 33º Festival algumas das películas consideradas "para prêmio" foram exibidas na mesma primeira jornada. Os Coral serão anunciados em 11 de dezembro, quando já estaremos em nossa próxima edição.

Pastoril com narração