quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Fotobiografia traz detalhes da história do escritor Antonio Callado POR JC RECIFE

A trajetória do escritor Antonio Callado (1917-1997), um dos mais importantes autores da literatura brasileira na segunda metade do século 20, está documentada em uma fotobiografia lançada na tarde desta quinta-feira (24) na Academia Brasileira de Letras (ABL), no centro do Rio de Janeiro. Com mais de 450 páginas, o livro traz detalhes e fatos pouco conhecidos sobre a obra de Callado, em depoimentos, histórias, fotos e outros registros. A obra foi organizada pela jornalista Ana Arruda Callado, viúva do escritor, que também teve intensa atuação jornalística a partir de 1937. Durante a 2ª Guerra Mundial, Antonio Callado trabalhou no serviço brasileiro da BBC e, após o conflito, na Radiodifusão Francesa. De volta ao Brasil, foi redator-chefe do Correio da Manhã e redator do Jornal do Brasil. “Com a fotobiografia, sei que meu compromisso com a memória dele está honrado. Publicado o livro, eu me divorcio definitivamente de Antonio Callado. Que outros cuidem dele a partir de agora”, disse Ana Arruda. “Quando nos conhecemos, ele era viúvo, tinha três filhos e uma história. Aceitava seus silêncios. Callado não falava nada sobre seus projetos”. Antonio Callado escreveu nove romances, entre eles Quarup (1967), Bar Don Juan (1971) e Reflexos do Baile (1976), todos tendo como tema a realidade política e social do Brasil nas décadas de 50 a 70. Sua obra literária compreende ainda seis livros de reportagem (um deles póstumo), sete peças de teatro, um livro de contos e uma biografia, além de uma letra de samba. Em 1994, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Engajado na luta por uma sociedade mais justa e igualitária, Callado escreveu no início dos anos 60, a partir de uma viagem a Pernambuco, uma reportagem sobre as Ligas Camponesas, movimento de trabalhadores rurais liderado por Francisco Julião. A matéria acabou resultando no livro Os Industriais da Seca e os Galileus de Pernambuco. Na mesma época, escreveu também Tempo de Arraes, sobre o então governador daquele estado, Miguel Arraes, cassado pelo golpe militar de 1964. O próprio Callado teve seus direitos políticos suspensos por dez anos pela ditadura.

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