quarta-feira, 3 de março de 2010

Conto de José Saramago ganha nova vida em 'Embargo'

















Fascinado pela escrita de José Saramago, o cineasta António Ferreira transportou consigo a ideia de um filme durante 15 anos, que acabou por concretizar em Embargo, a exibir amanhã na selecção oficial do Fantasporto.

Ainda o projecto de estudar cinema "era uma ideia longínqua nessa época", mas já Saramago o fascinava, pela ironia e capacidade de gerar imagens nos leitores, quando leu "Embargo", inspirado na crise petrolífera, inserido na colectânea de contos Objecto quase.
Quando entrou na Escola de Cinema, em 1994, começou a "filmar de forma muito inocente" aquele conto. O projecto ficou de lado, e ressurgiu em meados de 2008, com a greve dos camionistas. As longas filas para abastecer as viaturas, a ruptura de stocks nos supermercados. Tudo isso era muito próximo de "Embargo". "Fez-me pensar como é frágil aquilo em que assenta a nossa organização social. Lembrei-me novamente dessa história e pensei que continuava a ser muito pertinente", explica António Ferreira. Tiago Sousa reescreveu o argumento, já a pensar no protagonista, Filipe Costa. A reescrita implicou "criar uma história nova usando os pressupostos do conto". "Foi a forma de transmitir a ideia original do Saramago, um pouco da nossa dependência das máquinas. Até que ponto somos livres, e até que ponto a tecnologia nos liberta? O filme é um pouco um exercício para tentar perceber o que são as nossas prioridades. O que é mais importante na nossa vida", explica.

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