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Maestro Gustavo Dudamel esteve em Lisboa para dirigir estreia mundial da Orquestra Juvenil Ibero-Americana.
O consagrado maestro Gustavo Dudamel esteve em Lisboa para dirigir a estreia da nova Orquestra Juvenil Ibero-Americana. O fenómeno venezuelano deixou um alerta: "É preciso levar a música às comunidades que não têm acesso a ela".
"Há muita gente que não sabe o que é a arte porque não tem acesso a ela, e um povo sem cultura é um povo sem alma", apontou Gustavo Dudamel, ontem, ao início da noite, no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
O maestro venezuelano, de 28 anos, verdadeira estrela da nova geração no circuito da música clássica, regressou a Lisboa para dirigir as duas primeiras actuações da Orquestra Juvenil Ibero-Americana, uma formação recém-criada e que reúne mais de 120 jovens músicos (dos 18 aos 28 anos) oriundos de diversos países da América Latina, de Espanha, de Portugal (oito músicos) e, até, de Andorra.
A orquestra é a primeira actividade visível do programa Iberorquestras, da Secretaria-Geral Ibero-Americana e que, segundo palavras de Ernesto Iglesias, secretário-geral das Cimeiras Ibero Americanas, pretende ser "um projecto multilateral de cooperação técnica e financeira para incentivar o desenvolvimento musical, especialmente entre crianças e jovens de médios e escassos recursos e em situação de risco social".
Há já vários dias que os bilhetes do grande auditório da Fundação Gulbenkian para a estreia da orquestra tinham esgotado. Ontem, minutos antes da actuação, os seus estrategas subiram ao palco para uma breve apresentação do projecto.
Entre eles, estava o maestro José António Abreu, fundador do "El Sistema", método pedagógico que em poucos anos pegou em 300 mil crianças carenciadas da Venezuela e fez de muitos deles alguns dos melhores jovens instrumentistas da música clássica no planeta.
É, pois, uma referência mundial a nível de pedagogia musical e não foi à toa que ontem lá esteve presente: o programa Iberorquestras analisa e toma como referência as experiências desenvolvidas com êxito no Sistema Nacional de Orquestras Infantis e Juvenis da Venezuela.
Ontem, Ernesto Iglésias teceu rasgados elogios a José António Abreu, "o grande inspirador, criador e mentor".
Gustavo Dudamel foi ainda mais longe: "Não me canso de dizer que ele é um anjo por ter criado todo este mundo e universo gigante, não só no nosso país, porque tem sido inspirador em toda a parte", frisou o jovem maestro, citando exemplos como "os focos deste sistema que já existem na Escócia, na Alemanha ou em Los Angeles, Estados Unidos. Isso quer dizer que a mensagem está a chegar", rematou Dudamel.
Portugal não é excepção. A própria Fundação Calouste Gulbenkian tem vindo a erguer, nos anos mais recentes, o projecto das Orquestras Juvenis Geração junto de jovens e crianças de bairros problemáticos das periferias de Lisboa. Já existem três orquestras e outras seis estão prestes a germinar, seguindo o exemplo da "utilização do ensino da música como meio para favorecer a inclusão social".
A nova Orquestra Juvenil Ibero-Americana actuara, anteontem, perante os líderes políticos da Cimeira Ibero-Americana, no Estoril. Ontem, na Gulbenkian, repetiram o programa, com obras de Inocente Carreño ("Margariteña"), Manuel de Falla ("O chapéu de três bicos") e Tchaikovsky ("Sinfonia nº5"). Antes, os mais de 120 músicos estiveram quase duas semanas em intensos ensaios em Pilas, perto de Sevilha, Espanha. Hoje, actuam em Madrid.
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